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domingo, 28 de março de 2010

always and forever.





Bati na porta entreaberta, de leve, anunciando a minha chegada. Ela estava sentada, na cama, com o rosto apoiado nas mãos. Sentei o seu lado e suavemente depositei uma mão no seu ombro. Vagarosamente ela levantou a cabeça, deixando à mostra o rosto cintilante de lágrimas. Era incrível como ela parecia frágil quando deixava aquela máscara cair. A puxei para perto, abraçando-a, e ela apoiou a cabeça no meu ombro. Ficamos assim por vários minutos, sem dizer nada – ela chorando copiosamente, e eu afagando os seus cabelos. Quando ela finalmente se acalmou, eu enxuguei suas lágrimas, apoiei sua testa na minha, olhei no fundo dos seus olhos e disse: "Eu sempre estarei com você. Sempre. Mesmo que não esteja, mesmo que não nos falemos... Uma parte de mim sempre estará com você, porque o meu coração é seu."
E foi aí que eu acordei, com uma música dos Beatles na cabeça, e sabendo que, de alguma forma, aquilo não fora só um sonho.

-

"I'm keeping you forever and for always
I'm in your arms"

"Você precisa saber o que passa aqui dentro, eu vou falar pra você
Você vai entender a força de um pensamento, pra nunca mais esquecer"

segunda-feira, 8 de março de 2010

raining tears






Parei na frente de casa.

Já estava com a chave na fechadura, quando ouvi um trovão.

Guardei a chave no bolso dos jeans. Não havia nada me esperando lá dentro, mesmo.

E num ímpeto, deixei minhas coisas ao lado da porta, e saí para a noite chuvosa.

A essa altura, não havia mais ninguém na rua. Não que isso importasse.

Comecei a andar até o nosso lugar.

Sentei no balanço que eu costumava ocupar, e encarei o seu. Vazio.

A dor apertou ainda mais.

Por que você se fora?

Por que o destino nos separara?

Por que a vida te tirara de mim, logo agora, que eu precisaria tanto de você?

E agora eu não tinha mais você, pra me consolar pela minha perda.

Porque você era a minha perda.


Minhas lágrimas se confundiam com a chuva,

quando eu olhei aquele lugar pela última vez, e voltei pra casa.


Naquela noite, o céu não derramou nem a metade das lágrimas que eu chorei.


-


I can't stop the rain from fallin'
I can't stop my heart from callin' you
It's callin' you


quarta-feira, 3 de março de 2010

How I Feel About You.





Ele largou-se na cama, sem se importar.

Encarou aquela foto que ele tanto gostava, daquele dia no parque.

Eles pareciam tão felizes.

Tão... Perfeitos, juntos.

Pena que só ele, os via assim.


Afinal, por que doía tanto?

Ela nunca fora dele, afinal de contas.

Mas então, por que ele sentia que faria qualquer coisa para pôr um fim nessa dor?

Por que machucava tanto, vê-la com outro?

Não era como se ele não soubesse que ela não sentia o mesmo.

Mas ver? Era completamente diferente.


Ele realmente não conseguia se lembrar, de algum dia, sentir dor parecida.

Era muito pior do quê qualquer dor que ele já houvesse experimentado.

Ele só sentia vontade de rasgar sua pele, e apertar seu coração com toda a sua força, até que ele parasse de doer.


A cada batida, seu coração parecia menor; mais dolorido.

Mas mesmo assim, algum lugar, bem no fundo, estava tranqüilo.

Tranqüilo por saber que ela estava bem, que estava feliz.


Mas será que era a mesma coisa?

Será que algum dia, aquele outro, a amaria tanto quanto ele amava?

Será que ele seguraria o seu queixo, olharia nos olhos dela, e acharia que aquela era a vista mais bonita do mundo?

Será que ele beijaria a sua testa, sempre que se despedissem?

Será que ele sempre teria a consciência de que era o cara mais sortudo do mundo?

Será que ele sempre estaria ao seu lado?

Será que ele a abraçaria e a protegeria, sempre que ela precisasse?

Será que ele sentiria a necessidade de estar perto dela, a todo momento?

Será que seu coração doía tanto, que o fazia querer gritar, quando pensava em perdê-la?

Será que ele a faria rir?

Será que ele saberia reconhecer todos os seus sorrisos?

Será que, algum dia, ela daria o seu sorriso para ele?


Ele apoiou a cabeça nas mãos e chorou.

Chorou, como nunca havia chorado.

Encolheu-se, e por um bom tempo saboreou a própria dor.

Ele sabia que durante muito tempo, aquele gosto amargo, o acompanharia pra onde quer que ele fosse.


E assim – sozinho e encolhido, feito uma criança – ele dormiu.

Mas não sem antes perceber que a cada batida daqueles corações apaixonados, o seu se partiria um pouco mais;

A cada beijo apaixonado, uma lágrima sua, seria derramada.


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"We're the best of friends and we share our secrets
She knows everything that is on my mind.
Oh, lately somethings changed
As I lie awake in my bed, a voice here, inside my head, softly says:
Why don't you kiss her? Why don't you tell her? Why don't you let her see the feelings that you hide?"

segunda-feira, 1 de março de 2010

Adeus.



Corri.

Corri mais rápido que jamais pensei conseguir correr.

Tropecei, levantei, e continuei.

E quando achei que tudo estava perdido, te vi, no meio de todas aquelas pessoas.

Era impossível não reconhecer a pessoa que fazia o meu coração disparar, e minhas pernas perderem a força.

Sem pestanejar, chamei o seu nome.

Junto com o seu olhar, vieram os dos outros, que estavam presentes.

Mas eu só enxergava você,

vindo lentamente na minha direção.

Você parou na minha frente, e eu me xinguei mentalmente.

Era incrível como eu havia passado tanto tempo repassando o que eu queria te dizer, e agora as palavras haviam desaparecido totalmente.

Olhei para os meus tênis surrados, pensando no que falar, quando senti a sua mão no meu ombro. Vagarosamente, encarei o seu olhar.

E quando vi aqueles olhos, tão transparentes e tão agradavelmente familiares, lembrei o que estava em jogo, e que medo já não era uma opção.

Quando abri a boca pra falar você me interrompeu:

- Eu sei. Eu também. Mas...

E você não precisava falar mais nada. Ali eu percebi, que você me amava, tanto quanto eu te amava. E que sempre me amaria, assim como eu lembraria de você pro resto da vida. Mas que era tarde demais. Tarde demais pra tentar consertar o que fora quebrado, tarde demais pra nós.

Com a garganta embargada, e o coração apertado segurei suas mãos, olhei nos seus olhos, e senti que você entendeu tudo o que eu nunca conseguiria dizer.

Quando os seus olhos se encheram de lágrimas, eu senti que aquilo te machucava tanto quanto a mim.

Com uma sensação de perda indescritível, te puxei pra um abraço apertado, querendo te reter pra sempre.

E mesmo sabendo que aquilo provavelmente tornaria tudo mais difícil depois, olhei mais uma vez naqueles olhos que sempre me fascinaram tanto, e te beijei com ternura e com uma certa urgência.

Aquele fora um beijo diferente de todos.

Cada segundo nos machucava ainda mais, mas nem isso me fazia querer parar. Eu só tentava memorizar cada segundo, cada gosto, e parar o tempo.

Mas quando não havia mais como adiar, nós paramos. Te olhei mais uma vez, e tentei guardar aquela cena, pra sempre.

- Você sempre terá o meu coração. – e dito isso te dei um beijo na testa e te observei partir, levando consigo uma parte de mim, que sempre fora, e sempre seria só sua.


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'Nαo αprendi dizer αdeus, nαo sei se vou me αcostumαr
Olhαndo αssim nos olhos teus, sei que vαi ficαr nos meus α mαrcα desse olhαr.
Nαo tenho nαdα prα dizer, só o silêncio vαi fαlαr por mim
Eu sei guαrdαr α minhα dor, e αpesαr de tαnto αmor, vαi ser melhor αssim.
Nαo αprendi dizer αdeus, mαs tenho que αceitαr que αmores vêm e vαo, sαo αves de verαo;
Se tens que me deixαr, que sejα entαo feliz!