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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Que estranho...


Que sensação estranha.
Como é esquisito perceber que você passou a vida toda com um pensamento totalmente equivocado.
É o seguinte: eu passei váaaarios anos da minha vida achando que eu era errada por ser diferente.
Sei lá, sabe quando você se sente completamente por fora? Quando você se esforça pra se encaixar mas simplesmente não consegue? Aí você se sente meio errado, né? Por não fazer parte do grupinho em que anda, por não gostar das mesmas coisas, por não se vestir do mesmo jeito... Mas isso passa.
Pelo menos comigo passou.
Hoje vejo os amigos que tenho, as pessoas com quem gosto de conviver e comparo com as pessoas com quem eu convivia. E eu percebo que eu não era a errada. Eu era diferente. E até hoje sou. Mas isso não faz de mim inferior. E afinal, por que faria? Por que os outros são os certos e nós os errados?
E sabe o que mais? O mundo tá cheio de tanta gente igual, tanta gente cruel. Gente que fala tanta maldade e inventa tanta coisa que, se nós deixarmos, eles acabam conseguindo nos afetar. Eles tentam tanto que às vezes conseguem fazer a gente se sentir errado, inferior. Por ser gay, por ser negro, por qualquer motivo que nos torne diferentes do resto. Como se todo mundo tivesse que ser como a maioria, como se eles fossem os certos. Eles querem fazer a gente ter vontade de mudar, de não se aceitar, de não querer ser mais assim.
Mas, adivinha só, hoje eu finalmente percebi que passei a vida inteira errada. Hoje, eu senti orgulho de ser quem eu sou e como eu sou. Com todas essas diferenças.
Vê a gente que é gay por exemplo. A gente tem MESMO que se orgulhar. Se você parar pra pensar, a gente sofre só pelo fato de amar! A gente cresce ouvindo essa gente falando do amor e quando o encontramos, eles querem nos dizer que é errado. Agora me diz: por quê?
E a gente aguenta tanta coisa! Além de passar a vida toda se escondendo, a gente ainda tem que aturar tanta maldade, tanto comentário maldoso, tanta ignorância, tanta intolerância, tanto preconceito, tanta perseguição! E, supostamente, ainda somos errados.
Mas a gente é mais forte. Mais forte por aturar esse tipo de coisa, mais forte por se aceitar, por se permitir amar quem a gente ama, por querer quem a gente quer!
E eu tô me sentindo uma pessoa muito melhor depois que me descobri gay. Sinto que tô crescendo, sabe? Porque agora, mais do que nunca, sei o que é fazer parte de uma minoria. Agora sei o que é sofrer preconceito (mais?) só pelo fato de ser diferente. E eu percebo com machuca, como é injusto.
Mas, apesar de tudo, agradeço por ser diferente, por não ter me deixado levar por essa gente má que só quer ver a gente infeliz. E agradeço por estar passando por essas coisas pra perceber que eu já fui injusta também, que eu preciso rever alguns comportamentos e mudar no que for necessário.
Aprendi que nem todo mundo é igual a gente, mas isso não faz de ninguém nem melhor nem pior. A verdade é que somos diferentes mas somos todos iguais. E, ao meu ver, é isso que torna tudo tão mais interessante.

segunda-feira, 23 de abril de 2012



entenda, meu amor: é essa vontade de você que não passa, que não dá trégua, que não dá sossego.
vontade que fala cada vez mais alto, mais suplicante, mais urgente.
e que se ajoelha aos meus pés e implora que e eu te traga mais pra perto cada vez que você se afasta.

é esse sentimento, essa necessidade, que me faz perceber cada mínima parte do seu corpo e faz a minha respiração descompassar;
que me faz esquecer de tudo ao meu redor e só conseguir sentir a sua presença e a distância incômoda entre o seu corpo e o meu.

é tudo culpa desse desejo que não tem hora, não tem lugar, não tem descanso.
das correntes elétricas que perpassam pelo meu corpo quando o seu olhar cruza com o meu e eu sinto a sua pele roçar na minha.

é essa urgência que parece não cessar. 


é esse instinto de te tomar, te devorar, te consumir.

é um querer que me domina e já parece ser parte de mim.

basta ver um pedacinho da sua pele nua, que a minha já queima de saudade da sua.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eu amo estar com você. Amo quando você deita no meu lado e me conta sobre o seu dia. Amo quando eu volto da aula tagarelando do seu lado no carro, te atualizando sobre coisas sem importância. Amo como você se importa com o que acontece comigo, por mais bobo que seja. Amo quando você faz o meu prato e sabe do que eu gosto, e de quando eu preparo o seu café enquanto você assiste futebol no meu sofá.
Eu gosto de acordar e dar de cara com você. Gosto de saber que ainda posso dormir por horas e te ter por perto.
Você não sabe como me faz feliz. Assim, só existindo. Nunca vai saber o quão feliz eu fico quando acordo e te vejo na minha cama. Com uma camisa folgada e os cabelos espalhados pelo travesseiro. Me espreguiço, te trago mais pra perto e volto a dormir com um sorriso no rosto.
E então mais tarde você me acorda com beijos e depois ri de mim enquanto eu tento me manter de olhos abertos. Seu sorriso ilumina o resto do meu dia. Eu afundo o rosto no seu pescoço e inalo o cheiro mais maravilhoso do mundo. Ficamos na cama por horas, falando sobre nada, fazendo nada. E então fazemos qualquer coisa ou continuamos fazendo nada. E não importa o que comemos. Enquanto você cozinha, eu fico no alto da minha inutilidade, só te observando. Depois você tenta almoçar enquanto eu fico te cutucando ou pegando na sua mão. Talvez seja minha inquietação. Talvez seja só uma espécie de chatice natural. Mas eu acredito que o que seja mesmo é saudade. Saudade do seu corpo no meu, da sua pele na minha. Cada minuto longe me incomoda, me doi. Sinto que um pedaço de mim está faltando. Então eu te puxo pra perto e peço um beijo. E você me dá. E eu sinto que eu não preciso de mais nada nessa vida.
Amo quando você canta e dança, e quando dedica uma música pra mim. Amo quando você faz um comentário bobo ou uma piada indiscreta e choraminga quando eu te olho julgando, só pra depois sorrir e te cobrir de beijos enquanto você resmunga que eu não te trate assim. Amo como você entende o meu senso de humor incompreendido. Amo ver você rir de coisas que não fazem o mínimo sentido pra mim. Amo o jeito como você sorri quando me vê rir. Amo como você me ensina algo novo todos os dias; como você me faz ver as coisas de um jeito totalmente diferente e tentar ser uma pessoa melhor. Amo o jeito como você cuida de mim e se preocupa comigo. Amo quando eu não preciso explicar por que algo bobo me deixou triste ou por que certo comentário mexeu comigo mais do que deveria. Amo o jeito como você me conhece e como torna fácil me abrir pra você. Amo a segurança que você me passa. Amo o jeito como você me olha. O seu olhar me derrete, me fortalece, me desmancha. Você me olha como se eu fosse a mulher da sua vida e tivesse nascido pra você. Às vezes, quando a gente conversa sobre o futuro, eu vejo os seus olhos brilharem e os meus brilham junto.
Amo andar de mãos dadas e por uns momentos esquecer de toda a crueldade e ignorância desse mundo. Amo beijar a sua bochecha. Amo olhar pro lado, e, em qualquer situação, e te ver parada ali, me apoiando, me confortando, me protegendo. Amo te ter ao meu lado. Amo te ter. Amo você. Mais do que achei que pudesse algum dia imaginar amar alguém.