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quarta-feira, 25 de junho de 2014

o problema de amar alguém como ela

o problema de amar alguém como ela é que ela é insuperável.

e você meio que sabe disso, a partir do momento que a vê pela primeira vez e já se sente confortável do lado dela. e você sente que ela é especial quando percebe que ela tem aquele jeito fascinante que quase ninguém tem, de sorrir com os olhos alguns milésimos de segundos antes do sorriso alcançar os lábios.
e que sorriso!

mas você não pensa que vai amá-la. pelo menos não tão rapidamente. e não tão profundamente. ou não por tanto tempo.
ou pelo menos evita pensar.
como sempre faz.

o problema de amar alguém como ela é que com o tempo você acaba percebendo que ela é simplesmente maravilhosa demais pra você.
que ela é maravilhosa demais pra todo mundo.
e você sempre fica com aquele sentimento de incapacidade, de inferioridade, de não ser o bom o bastante. e isso machuca. e parece que tudo que ela diz ou fala confirma completamente essas suspeitas.
e ainda assim tem medo de machucá-la mais do que teme machucar a si mesmo.

mas você vai em frente. porque não tem outro jeito, tem? não fácil admitir, mas você é humano. você é egoísta. e o bem que ela te faz te move muito mais do que o medo de fazê-la sofrer te paralisa.
e então você acaba cedendo e aceitando esse amor que todo mundo já havia percebido, menos você.
ou pelo menos evitava perceber.
como sempre fez.

e então você sente tudo aquilo que jamais havia imaginado sentir. aquele amor que te tira do chão, que te faz sentir como em todos aqueles clichês românticos que todo mundo condena, mas que, secretamente, todo mundo deseja sentir.

e quando você vive tudo aquilo que jamais imaginava viver, quando você se encontra genuinamente feliz, você ignora aquela vozinha irritante que fica sussurrando incansavelmente que um dia aquilo vai acabar. porque você não quer que acabe.
mesmo sabendo que tudo termina.

então você finge que vai ser pra sempre. você ignora um fim eminente mesmo que, desde o começo, saiba que aquele detalhezinho, que você insiste em ignorar, um dia não vai ser só um detalhezinho, mas sim o problema. e dos grandes.

e você segue ignorando, até que começa a pesar demais. até que você chora toda vez que pensa nisso. até que você começa a pensar que você é o problema e tenta consertar tudo, apesar de nem saber direito qual é o problema.

mas nada disso é pesado o suficiente para que você não possa aguentar, mas nada disso é maior do que o bem que ela te faz.

porque nada disso importa quando você olha nos olhos dela e vê aquele brilho que você só vê quando se olha no espelho. porque nada disso é suficiente pra que o seu coração pare de bater mais rápido toda vez que você a vê ou sente o seu perfume. porque nada disso te faz sentir menos seguro ou protegido no abraço dela. porque nada disso é mais importante do que a forma como ela faz você se sentir, como ela faz você querer ser melhor, pra você, pra ela, pro mundo.

então você passa por cima de todos aqueles detalhes tão bobos porque está com ela é estar feliz. é ser feliz. no sentido mais pleno e puro que existe. tão genuíno e poderoso que é impossível e até bobo tentar descrever.

mas aí aquela vozinha ri da sua cara quando um dia ela chega pra você e diz que não dá mais. e você nem ao menos sabe o porquê. mesmo que vocês tenham conversado sobre isso tantas vezes quanto se possa imaginar.

porque algo não foi dito? porque algo não era mais sentido? porque não era recíproco? por medo?

perguntas que nunca terão respostas.

mas que você nunca vai deixar de fazê-las.
pra si mesmo, é claro.
por que você quer fazer de tudo pra não fazê-la sofrer. ela não merece isso, e você sabe. mesmo que sinta raiva e vontade de gritar com o mundo e o destino por serem tão cruel com você, de que adianta?

então você tenta seguir a sua vida.

as pessoas continuam te perguntando o motivo de tudo ter acabado e o que mais te machuca é não saber direito o porquê.

a cada dia um novo suspiro. e a sua vida passa um misto de dor, de resignação, de inconformidade, de dúvida, de saudade, de incerteza, de arrependimentos, de medo.

mas mesmo assim você se obriga a continuar. com novos problemas, novos complexos, novas cautelas.

você sente um buraco enorme no seu peito, que te deixa sem ar, sem chão, toda vez que você pensa nela e na falta que ela te faz. e esse buraco só faz crescer e nada doentio que você costumava fazer parece preencher aquele vazio.

até que você se obriga a ignorar tudo aquilo.
pra preservar sua sanidade. ou o pouco que resta dela.
pra tentar se obrigar a levantar da cama, dia após dia.

então aquilo se torna a sua especialidade.
você se vê mais calejado, se obriga a ser mais pé no chão.

e então tenta achá-la nos braços de um outro alguém. tenta achar seu cheiro numa outra pele, tenta achar seu beijo em outros lábios, tenta achar seus ideais e forma de enxergar a vida em outra pessoa.

inútil.

então você se foca nos defeitos mais bobos e nos mais sérios. tenta lembrar todas as mágoas e coisas que teria feito diferente. tenta lembrar das piores brigas, e nas ausências e novos buracos que ela abriu em você. nas inseguranças que ela ajudou a crescer, mesmo que sem querer. lembra nas coisas pequenas que te magoavam...

mas mesmo quando você tenta enumerar os defeitos, todas aquelas coisas que você amava (e ainda ama) nela, surgem na sua mente, para o seu desagrado. você pensa nas suas mãos, no seu toque, no seu cheiro, no seu abraço, na sua risada, seu coração se derrete e você esquece o que estava fazendo. você lembra do seu jeito compreensivo e companheiro, do bem que ela te fazia e ainda faz.

seu coração afunda mais um pouco e você se sente ainda pior.

então você ignora. mais uma vez.
e segue ignorando.
tudo pelo resquício de sanidade que ainda te resta.

até que você arranja um outro alguém.
você conhece uma pessoa maravilhosa, que cuida de você, que te faz bem, que se preocupa, que tem qualidades que ela não tinha.
você segue sua vida e tenta não fazer comparações entre flores e declarações e tenta esquecer.

e sente que está tudo bem. que aquilo serão só lembranças saudosas que você nunca vai esquecer e sempre levar com muito carinho, etc, etc, etc.

até que num dia qualquer você passa na rua e sente o perfume dela, que traz consigo todas as lembranças que há tempos você tenta reprimir, sufocar, esquecer.
e começa tudo de novo.

mas será que você quer esquecê-la realmente? será que o fato de você não conseguir se livrar de nada que diz respeito a ela não quer dizer que secretamente tem a esperança de um dia vocês se reencontrarem e poderem viver tudo que não tiveram a chance antes?

e é aí que você, relutantemente, aceita que ela é e sempre será insuperável.
não só pra você, nem pra a pessoa que vier depois de você. mas pra qualquer um. qualquer um que tome um tempo pra conhecê-la e se permita amá-la verdadeiramente. como você fez.
como você fez, faz e faria tudo novamente.

e você segue a sua vida assim. nesse constante ciclo de se perguntar se ela está bem, se ela pensa em você também, se ela está com alguém que a faz feliz, se esse alguém jamais vai amá-la como você amou e ainda ama, se algum dia vocês vão se reencontrar e ter mais sorte, se você já teve toda chance que poderia ter, se você desperdiçou um amor que nunca mais vai ter igual, se vocês já viveram tudo que havia pra viver, se você projeta uma imagem dela que não é real...

e então mesmo que você vá levando a sua vida de uma forma leve, tentando (e por vezes realmente conseguindo) ser feliz, com esse ar de quem já nem pensa mais nisso, de quem está cem porcento tranquilo e resolvido, no fundo você sabe que jamais vai superá-la.
você sabe que jamais vai deixar de sentir ciúme da pessoa ao lado dela. você sabe que jamais vai conseguir conseguir conter aquele impulso constante de tentar provocar ciúme nela.
mesmo que você saiba que deve deixá-la tentar ser feliz.

mesmo que a sua vida não pare por isso. nem a dela.
porque ambos sabem que a vida não para por ninguém.

mas é como alguém disse uma vez, depois dela, os outros são os outros e só.

e isso é uma merda.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

"um dia, gatinha manhosa, eu prendo você no meu coração
quero ver você, fazer manha então
presa no meu coração"