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sexta-feira, 12 de abril de 2013

desorganizando


pensei em te ligar.
pensei em te mandar uma mensagem no celular.
pensei em sair correndo e bater na sua porta.
pensei em ir te procurar no seu estágio, na sua faculdade.

em vez disso, eu simplesmente continuei aqui arrumando o meu quarto.

por que doi tanto? por quanto tempo essa dor vai me assombrar e roubar o meu sono?
por quanto tempo eu vou lembrar de você e meu coração vai se apertar tanto?

há horas venho tentando organizar o meu quarto na vã esperança de organizar minha cabeça e meu coração. até agora tudo que eu consegui foi a rinite atacada, um quarto mais apresentável e a mente tão confusa quanto poderia estar.

tiro a poeira da minha caixa de lembranças suas. você é a única pessoa que já teve uma caixa só pra você, sabia? abro e vejo a gente com um sorriso amarelo naquela festa na casa de minha dinda. acho que foi a primeira vez que te levei pra algum evento de família. seu meio sorriso era tímido, contido. ainda assim, o sorriso mais bonito que eu já vi. lembro da alegria que senti quando a minha família te recebeu tão bem. ali eu senti que realmente podia ser feliz.
reviro a caixa e encontro aquela sua foto antiga, junto com o frangolino. uma sombra de sorriso cruza o meu rosto triste. vejo o scooby-doo e lembro de um dos nossos últimos dias juntas. meu coração aperta. tento continuar minha arrumação, mas parece que adam levine fala comigo. pisco repetidas vezes tentando não chorar.

desnecessário dizer que falho miseravelmente.

enxugo os olhos num gesto brusco e continuo organizando meu quarto. alguns minutos depois, encontro o livro de poesias que o seu pai me deu. meu coração aperta mais e meu estômago afunda alguns centímetros. a fome que eu sentia algumas horas antes sumiu sem deixar vestígios. começo a folhear mas tenho medo de desabar. fecho e jogo-o na minha cama, de qualquer jeito.

o mais escroto é que tudo me lembra você.
o canhoto de um cinema, a minha cama, um perfume que usava quando estava com você, o seu hidratante que eu roubei, um post-it que diz que eu tenho que "amar mais a amoruta", uma roupa que eu usei quando fomos na barra, a cuequinha que você me deu, a pomada que você me deu para as cicatrizes, aquela sua camisa preta desbotada com uns golfinhos (malignos) em glitter... tudo aqui é você.

não sei se você está mais no meu quarto ou em mim.

você reclamou que eu tirei suas coisas do meu quarto, mas era o único jeito de eu não enlouquecer.
sorrio um sorriso torto quando chego à conclusão agridoce de que, não importa onde eu esteja, com quem esteja, meu pensamento sempre vai lá em você.
eu posso me mudar, andar em outros lugares, conhecer outras pessoas, vestir outras roupas, trocar de perfume, queimar todos os meus móveis e os meus pertences. nada disso vai mudar o fato de que pra onde quer que eu olhe, eu vejo você.